segunda-feira, 3 de setembro de 2012

Genética II : a decepção

A decepção é um turbilhão de vergonhas.
Vergonha de se sentir humilhado; vergonha de ter sido humilhado; vergonha de querer ser-se quem é, tal qual como o gene D* construiu e o resto do mundo não aceita; vergonha de se ter falhado, apesar de lições passadas sobre a natureza humana e de lições estudadas sobre a Verdade que só existe no gene D e por isso, só se deve fixar o "quem sou" nele.

Existe uma parábola de um pai com 2 filhos: o mais velho é super cumpridor e o mais novo muito cheio de si próprio que quer viver a vida à sua maneira. Este sai de casa com a sua parte da herança e cai na miséria. quando regressa humilhado, pede migalhas ao pai porque sabe que este ajuda com generosidade até quem não é seu filho - poderia ser que o deixasse ficar a trabalhar numa posição humilde só para sobreviver. Para sua surpresa, o pai não só o recebe como o faz com pompa e circunstância. O filho humilhado não esperava isso do pai: amor por um rebelde falhado. O mais velho roído de ciúmes, sentiu-se injustiçado, pois era ele o gestor esforçado das propriedades do pai e nunca foi honrado pelas suas conquistas. O pai sem amargura ou desprezo diz-lhe que ele nunca quis usufruir desse direito: tudo quanto é do pai é dele.
Temos pois um filho que só crê no lucro - reconhecimento - pelo esforço e outro que só cria no esbanjar do lucro - regalias - sem consideração. Ambos egoístas à sua maneira, a meu ver. Inicialmente, nenhum queria estar com o pai e usufruir do seu amor. Apenas se interessavam no lucro pessoal para seu contentamento. Ambos saíram humilhados.
Como será que reagiram?
Provavelmente decepcionados com eles próprios. Será que se decepcionaram com o pai? O mais novo talvez não, pois o seu reposicionamento enquanto filho, foi uma surpresa. agora se adoptou essa nova existência ou ficou a remover na culpa de não ter visto isso antes, passando a crer agradar ao pai em tudo correndo risco de se tornar como o filho mais velho?

A decepção gera-se em nós e, ou lidamos com isso e colocamos tudo o que é mau para trás ou enveredamos por um caminho de tortura psicológica e amargura.
O pai esteve sempre lá, querendo dar tudo. Nós é que necessitamos de provar que somos capazes sozinhos de merecer tudo.
O bom da decepção é que nos obriga a avaliar como estamos: bem ou mal. Se nos achamos mal é sinal para correr para os Seus braços. Se nos achamos bem é melhor fazer mais análises, não vá o exame ser incompleto. Porque a verdade é que precisamos sempre de amor e o verdadeiro nenhum factor p* pode dar, porque não é incondicional.

Como sair da decepção? terapia ocupacional com o Pai exclusivamente, em doses grandes. Mas para qualquer cura é necessário dar o primeiro passo: querer ser curado.

* ver artigo anterior Genética

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